A palavra que o Senhor gritava em
meu coração era vigilância. Mas afinal, o que Deus quer dizer com vigilância? O
evangelho de São Mateus narra o momento da angústia suprema de Jesus (Mateus
26, 36-46). Nessa passagem, já estava próxima a hora da traição, quando Jesus
seria entregue aos pecadores e seu sangue seria vertido na cruz. Ele tomou
consigo três discípulos e os levou para que orassem e vigiassem junto dEle, mas
estes não conseguiram permanecer acordados e deixaram que o sono os levasse, pois
estavam cansados.
“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está
pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26,41)
Foi isso que o Senhor disse aos três
apóstolos após retornar de sua oração e os encontrar dormindo. Quando Jesus se
voltou novamente para orar, eles adormeceram, e isso aconteceu ainda mais uma
vez. Esse era um tempo que pedia grande vigília e oração, o Senhor estava prestes
a ser traído. Mas a batalha era grande demais, pesada demais, e tornou-se muito
difícil manter a vigilância. Contudo, Deus nos chama agora, a manter a guarda,
a continuar orando e lendo a palavra. O sono virá sobre nós e tentará nos fazer
desistir, mas se perseverarmos na oração e na leitura da Bíblia, não cairemos.
Em Colossenses 4, 2, o apóstolo
Paulo também nos exorta a sermos vigilantes, a fim de que, no calor do combate,
tenhamos forças para lutar. E essa batalha, para a qual o Senhor nos tem
chamado, é a nossa missão, somos chamados a anunciar o mistério de Cristo, a evangelizar
com a palavra de Deus. No entanto, quando estivermos em missão, encontraremos
muitos obstáculos pelo caminho e, por isso, ela se tornará uma grande batalha.
Jesus está conosco e nos ajudará a enfrentá-la, mas é preciso deixar que o
Senhor nos dê a força, a coragem e a ousadia que precisamos, é necessário que nos
coloquemos em oração para que possamos receber todas essas coisas, caso contrário,
dormiremos.
Todavia, além de vigiar e orar, Deus
quer algo mais de nós. Em nossa missão não servimos a nós mesmos, servimos a
Deus e ao próximo, a obra de evangelização é para o outro, é para o irmão. Por
isso, não podemos estar nessa obra sendo indiferentes aos nossos irmãos. Precisamos
amar, precisamos tratar o outro com o zelo e o carinho que trataríamos um amigo
querido.
“Procedei com sabedoria no trato com os de fora [...]. Que as vossas
conversas sejam sempre amáveis[...].” (Colossences 4,5-6)
Por isso amemos. Olhemos para o
outro não com indiferença, mas olhemos para ele lembrando que é um filho muito
amado do Pai e que Deus se faz presente nele. Permitamos que em nossas orações,
verdadeiros momentos de encontro com Deus, o Senhor possa nos modelar, nos transformar,
fazer com que sejamos pessoas mais capacitadas para a missão. E ser mais
capacitado não significa discursar com mais eloqüência, significa estar tão cheio
do Espírito Santo que as pessoas possam ser tocadas por Ele através de um
simples olhar nosso, de um simples sorriso e de um terno abraço.