Neste texto quero falar-vos da
obediência, de quão numerosas graças nos são dadas por meio desse ato de fé e
de quanto nós crescemos na própria fé e no amor a Deus quando nos dispomos a
fazer em tudo a Sua vontade.
É muito conhecida a fidelidade de
Maria para com a vontade do Pai. Sabemos, pela palavra, que a Virgem do
silêncio foi uma serva muito obediente aos desígnios do Senhor. Também é de
nosso conhecimento que Maria sofreu muito ao longo de sua vida, sofreu a
desconfiança de José em relação a sua virgindade, sofreu a rejeição por parte
dele, sofreu a incredulidade do povo em ter Jesus como o Messias, o Salvador, e
sofreu a morte de seu filho único que foi chicoteado, ferido, humilhado,
chagado e crucificado. No entanto, sabemos que essa mesma Virgem recebeu
inúmeras graças: recebeu em seu ventre o Salvador, foi escolhida para ser mãe
do Messias e de todos nós, foi elevada ao céu em corpo e alma e foi proclamada
Rainha de todos os anjos e santos.
Por meio do exemplo de Maria, e
de tantos outros profetas, podemos perceber como é difícil seguir a Deus, mas
também o como é recompensador fazer a Sua vontade. A palavra em Isaías 49, 1-6
vem falar que o Senhor chamou o servo desde o seu nascimento, ainda no seio de
sua mãe. O senhor diz: “Tu és meu Servo (Israel), em quem me rejubilarei”. A
ele foram dados todos os instrumentos necessários para que reunisse Israel e
trouxesse de volta Jacó ao Senhor. O servo sofre, ele diz: “Foi em vão que
padeci, foi em vão que gastei minhas forças”. Contudo, em seu Deus estava
depositada a sua recompensa e a sua justiça. O Pai então lhe cobre de graças e
o enche com a força do alto: “vou fazer de ti a luz das nações, para propagar
minha salvação até os confins do mundo”.
Enquanto rezava, o Senhor me dava
a moção de uma rosa com todo a sua beleza. A rosa é uma flor, como tantas
outras, que sofre as intempéries do tempo e as dificuldades impostas ao seu
crescimento. Mas essa flor mostra, com sua suavidade e força, a sua obediência.
Ela obedece ao tempo de seu cuidador ou da própria natureza. Ela espera ser
regada, espera ser podada, espera o sol, a chuva, o vento e todas as outras
coisas. Por vezes a rosa pode se deparar com dificuldades: onde está a água que
não vem? Onde está o sol nesse céu nublado? Mas ela continua suportando as
demoras do tempo e mesmo de Deus. A flor não sai de seu lugar para procurar
aquilo que lhe falta, ela espera obedientemente o tempo e a vontade daquEle que
a criou.
Assim também precisamos ser, como
a rosa, precisamos suportar as demoras de Deus e esperar que seja feita a Sua
vontade. Por vezes, não adianta nos revoltarmos e nos levantarmos contra o
mundo, não adianta querermos mudar, imediatamente, a situação que nos é imposta.
A palavra traz um exemplo muito claro disso em Mateus 17, 23-26: Jesus sabia
que os filhos do rei não precisavam pagar o imposto retratado naquela situação,
por essa razão, Ele, como filho de Deus, não estava sujeito a tal obrigação. Porém,
o Cristo não quis se levantar contra essa realidade, Ele não quis escandalizar
e nem entrar em conflito com as autoridades legais, mas preferiu mostrar
respeito diante delas. Por isso, pagava todos
os tributos que lhes eram exigidos.
Podemos tomar o exemplo de Jesus
para a nossa vida: por mais que no mundo existam injustiças, por mais que
sintamos que não devemos obedecer a certas exigências em determinadas
situações, é necessário que estejamos em sintonia com a vontade de Deus e que
sejamos obedientes ao que Ele quer de nós. Portanto, pode ser que não seja o
momento de nos manifestarmos contrariamente ao que está ao nosso redor, pode
ser que não seja a hora e nem o momento certo. É preciso que escutemos a voz do
Senhor a fim de que Ele nos revele o que quer que façamos em nossa vida a todo
instante, em cada ocasião e em cada dificuldade. Sejamos obedientes, assim o
Senhor nos dará graças muito maiores do que as pequenas coisas que poderíamos
alcançar com nossas lutas meramente humanas e só assim teremos a certeza de que
estamos fazendo aquilo que é verdadeiramente bom, e seremos luz para as nações.