Texto de Poliana Sfalsin Zatta (minha irmã). Estudante do 6º período de Psicologia. Uma constante inquieta com as questões que envolvem o ser humano!!!
Hoje, por um longo período de
tempo (enquanto realizava o percurso ES->BA), refleti sobre o ser humano,
suas relações, experiências, ambições. Viver em pleno século XXI é sinônimo de
avanços, modernidade, tecnologia, espaços virtuais, mas também de relações
frias e superficiais, de prevalência do individualismo, do consumismo exagerado,
entre outros.
Intrigante viver numa era de
tantos progressos, inclusive científicos, e priorizarmos o eu e as conquistas
individuais, enquanto tantos clamam por ajuda, porque ainda morrem de AIDS,
tuberculose, FOME! Porque morrem de solidão, de tristeza, de infelicidade! Nessa
era tão avançada, a produção em massa é que é valorizada. Se possível for, que
nossas crianças sejam fabricadas como pequenos “robôs”: lindinhas, educadas,
amáveis, que brinquem quietinhas, sem chorar, isto é, perfeitas. Se tiver algum
probleminha? Fácil, hoje tem remédio pra tudo. É só tomar e pronto!
Medicalização, enquadramento,
anulação das diferenças e a ordem prevalecerá entre nós. As normas vigentes? Mantê-las!
Os loucos? Manicômios. Drogados? Casas de internação. Idosos? Asilos. Bandidos?
Cadeias. Crianças? Escolas. Fiquemos tranqüilos, pois para todo tipo de
diferença há um lugar e profissionais aptos para tratamento e adequação ao que
é tido como normal, correto. Ah, estamos seguros também contra aqueles que
podem vir a cometer qualquer tipo de violação contra o pacto social, inclusive
os negros, pobres e favelados.
Tem certeza que é nesse mundo que
você pretende viver? São essas relações que você quer estabelecer? EU NÃO!
Prefiro o caos, o diferente, os questionamentos. Prefiro me deixar afetar pelo
sofrimento e diferença do Outro. Quero construir novas possibilidades de ser
nesse mundo. E se preciso for, que caiam os padrões e a moral, que a desordem e
o desassossego venham. Estou pronta! Quero mais é a produção de vida, sem
pré-conceitos e julgamentos! Não serei eu a barrar as pluralidades, as
divergências, a inventividade... Quero é um mundo de diversas subjetividades!
Que surjam novas maneiras de
educar, que não entre quatro paredes, onde apenas o professor detém o saber...
Voltemos ao nosso rico passado, na qual a aprendizagem era debaixo de árvores,
contemplando os fenômenos, permitindo emergir os mais diversos devaneios. Um
saber construído “entre”, crítico e questionador. Isso sim deve ser priorizado
nas escolas e faculdades. Afinal de contas, do que adianta saber puramente o
Teorema de Pitágoras, se quer sabemos nos relacionar com o outro? Se nos escondemos
dentro de nossas próprias casas, quase que enjaulados, para nos proteger dos
sujeitos “desviantes”? Foi-se o tempo em que podíamos brincar nas ruas com o
amarelo, o branco, o preto, o índio... A herança do século XXI será nada mais
nada menos que os vídeos-game, notebooks, ipods, MP? (Sinceramente, não consigo
acompanhar essas evoluções!)
O que fazer para alterar o rumo
da nossa História? Antes de qualquer coisa, olhe, sinta e ouça! Acolha a
diferença, as novas possibilidades de ser e estar nesse mundo. Deixe-se
desestabilizar por ela. Baixe as guardas homem da moral. Crie novos contornos,
novos territórios. Crie, invente, reinvente! Simplesmente, VIVA!